Por Altamiro Borges
Desconfiada com as leituras otimistas dos atuais ocupantes – ou assaltantes – do Palácio do Planalto, ela teme que as coisas descarrilhem de vez. “Se os palacianos tentam tratar com naturalidade (ou naturalidade forçada) o ‘fora, Golpista’, principalmente em São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre e Salvador, a energia do governo parece focada no ajuste e nas reformas. E os maiores problemas no Congresso não partem da oposição, mas dos próprios aliados. A tarefa número um de Golpista, ao descer hoje do avião em Brasília, deve ser uma conversinha séria com o seu partido, o PMDB, que nunca tinha assumido de fato a Presidência e ainda não conseguiu assimilar a nova posição”.
Para a jornalista, típica porta-voz do “deus-mercado”, a única saída do covil golpista é acelerar as reformas neoliberais – como a da Previdência. “Golpista precisa rapidamente mostrar força política e uma base aliada coesa. Mas Renan e parte do PMDB não chegam a ser tão confiáveis assim e, vira e mexe, lá está o tucano Aécio advertindo que, se Golpista não fizer as reformas, babau o apoio. Num momento como esse, com tantos flancos para o governo que se instala, não é exatamente um gesto camarada, solidário”. Ao final, Eliane Cantanhêde reza pelo sucesso do covil: “Se o governo naufragar, não se salva um, nem PMDB, nem PSDB, nem DEM, nem PPS… O insucesso de Golpista seria o insucesso geral. A dúvida é o que, e quem, lucraria com isso. Se é que alguém lucraria”.